quarta-feira, 2 de maio de 2012

sobre sustentabilidade

A disciplina propõe a reflexão sobre a sustentabilidade, aplicada ao contexto do design. Em vista disso, li alguns textos do Ezio Manzini e, recentemente, do John Thakara, pra que eu pudesse entender melhor o que é exatamente sustentabilidade.

Para Manzini, o termo sustentabilidade sempre foi muito vago, desde o início de sua utilização junto ao termo desenvolvimento, que iniciou-se na conferência mundial Rio 92. Nesse contexto, a sustentabilidade referida é a ambiental e social.
A sustentabilidade ambiental está associada a resiliência do ecossistema (o quanto ele tolera uma atividade sem se desequilibrar) e capital natural (recursos não-renováveis). Assim, a sustentabilidade ambiental trata-se das atividades humanas que não interfiram no ecossistema além do limite da sua resiliência e que não esgotem o capital natural.
A sustentabilidade social está relacionada a espaço ambiental (o quanto de ambiente uma pessoa – ou cidade ou nação –  precisa para viver, consumir e produzir e não causar danos irreversíveis ao sistema sociotécnico) e princípios de justiça (cada pessoa tem direito ao mesmo espaço ambiental) e responsabilidade em relação ao futuro (garantir às próximas gerações o mesmo espaço ambiental que dispomos atualmente).
Dessa forma, "para ser sustentável, um sistema de produção, uso e consumo tem que ir ao encontro das demandas da sociedade por produtos e serviços sem perturbar os ciclos naturais e sem empobrecer o capital natural." (Manzini)

Mazini diz que a transição pra essa sustentabilidade demanda uma mudança sistêmica de produção e consumo, para reduzir o impacto ambiental. Para ele, o impacto ambiental depende de três variáveis:
População: número de pessoas no planeta.
Demanda por bem estar: expectativas das pessoas em termos de bens comuns, serviços e produtos que consideram necessárias para ter qualidade de vida satisfatória.
Ecoeficiência do sistema sociotécnico: é um indicador do quanto o sistema de produção transforma os recursos ambientais em bem estar.

Não há uma perspectiva de redução da população para os próximos anos, muito pelo contrário. Quanto à demanda por bem estar, idem. Assim, a solução aparenta estar em aumentar a ecoeficiência do sistema. Pra isso acontecer, Manzini afirma que será necessário um longo período de transição, que envolve uma aprendizagem social das pessoas em se desenvolver a partir da redução do que hoje é crescente – produção e consumo material. Enquanto isso não acontece (na verdade, eu até acredito que podemos estar no processo e ainda não percebemos), ele propõe mudanças locais, em microescalas, nos produtos e serviços e mudanças na perspectiva de bem estar, baseado no acesso e nos bens comuns.
E é aí que o designer entra! :)


Para projetarmos novas soluções, ele dá algumas diretrizes:
Mudar a perspectiva das coisas para os resultados, com foco no processo, nas atividades;
Imaginar soluções alternativas seja de produtos, serviços, papéis desempenhados pelos atores envolvidos no processo, conhecimento, etc.;
Avaliar e comparar as várias soluções alternativas;
Desenvolver soluções mais adequadas, conectando produtos e serviços aos atores sociais.



Referências:
MANZINI, Ezio. Design para a inovação social e sustentabilidade.
THACKARA, John. Plano B: O design e as alternativas viáveis em um mundo complexo.
VEZZOLI, Carlo; MANZINI, Ezio. Design and Innovation for Sustainability.